Se a natureza se mostra de uma suprema indiferença diante da morte, é porque esta, substancialmente, nada destrói; tanto que, não obstante as contínuas mortes, a vida continua. A morte nada destrói do que é matéria, nem do que é espírito. A matéria abandonada volta a um nível inferior; é recolhida a um ciclo mais baixo de vida; o psiquismo reassume, então, o dinamismo, reúne os valores espirituais e ascende imaterial e invisível, para se equilibrar no nível que lhe é próprio por peso específico.
Assim como a Natureza, lançando mão da luz e das cores, pinta os mais maravilhosos quadros e, depois, com indiferença, deixa que se desvaneçam, porque sabe reconstruí-los imediatamente, mais belos ainda, tão rica ela é de beleza, também a vida, com a química do plasma, com suas forças íntimas, com a sabedoria do psiquismo, modela as mais belas e maravilhosas formas e depois deixa que murchem e morram, porque sabe num instante refazê-las, e as refaz mais belas, numa infinita prodigalidade de germes.
A morte, com efeito, não lesa o princípio da vida, que permanece intacto e é continuamente rejuvenescido devido à sua renovação contínua através da morte. Se a Natureza não teme e não foge à morte, é porque esta é condição de vida e aquela nada perde da sua íntima economia.
A natureza sabe que a substância é indestrutível; que nada jamais se pode perder, quer como quantidade, quer como qualidade; sabe que tudo ressurge da morte: ressurge o corpo, no ciclo dos escambos orgânicos e ressurge o espírito no psiquismo diretor.
(Texto extraído do Livro "A Grande Síntese", de Pietro Ubaldi.)
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