quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O TAO DO MORRER

    Para aquele que oferece cuidados, a dor representa uma oportunidade, a oportunidade de testemunhar o alívio da dor.
Para aquele que oferece cuidados, a ansiedade representa uma oportunidade, a oportunidade de testemunhar o despertar da calma. Para aquele que oferece cuidados, a raiva representa uma oportunidade,a oportunidade de testemunhar a conquista da paz. Para aquele que oferece cuidados, a morte representa uma oportunidade, a oportunidade de testemunhar a descoberta da vida.
     Aquele que oferece cuidados nada pede. Ainda assim, recebe muitas oportunidades.

            A morte do ponto de vista espiritualista

     "Eu guardava a impressão de haver perdido a ideia de tempo. A noção de espaço esvaíra-se-me de há muito. Estava convicto de não mais pertencer ao número dos encarnados no mundo e, no entanto, meus pulmões respiravam a longos hastos." (André Luiz - Nosso Lar, p.17)

     Para a ciência a morte e a cessação das atividades biológicas. Para as religiões, filosofias ou seitas espiritualistas é o rompimento dos laços que prendem o espírito ao corpo. As controvérsias sobre esse fenômeno são muitas, basicamente podem ser resumidas da seguinte forma: os métodos usados pela ciência para detectar a existência do espírito são insuficientes para tal feito, pois que o fator espiritual (ou religioso, fé, etc) não pode ser comprovado, mensurado, analisado ou observado pelas técnicas científicas.

     Assim o espiritualismo acredita que ao cessação as atividades biológicas do corpo o espírito que ali habitava se liberta. Entendam que, melhor é falar somos um espírito e não temos um espírito. Somos um ser eterno como Deus que surgiu de alguma forma, para a maioria foi criado ou está sendo criado por Deus, mas não é via de regra. E está fadado à evolução.
    Os processos reencarnatórios são apenas uma parte da senda do espírito. Uma etapa onde ele usa vários corpos para aprender com as várias circunstâncias nas quais ela será submetido e com isso aprenderá. O espírito, que somos nós, sente de forma muito variada a hora da morte. De modo geral, podemos dizer que são tantas as formas de mortes e as sensações como são as pessoas. Mas, existe algum padrão mais ou menos repetitivo que podemos observar na literatura espiritualista. Vamos a eles:

   *Ainda no corpo ocorre o que podemos chamar de "preparação para a morte", um certo pressentimento que deixa, de modo geral, a pessoa mais espiritualizada. Nessa etapa ela pode ter visões ou em desdobramento, no sonho, ter contato com entidades espirituais que ele encontrará no pós morte. Essa descrição se enquadra numa morte natural, é claro, e nem sempre quer dizer que tais entidades são boas e que tudo é maravilhoso. Suponha-se um assassino de muitas pessoas, essas pessoas, por ele assassinadas, podem encontrá-lo após a morte.

   *Na próxima etapa ocorre a separação do espírito do corpo que ele usou. Essa se dá de forma gradual e pode durar de algumas horas até meses, mesmo após a morte do corpo físico, mesmo após o corpo enterrado, o espírito ainda pode estar, de alguma forma, com laços presos ao corpo . Nessa etapa ocorre um efeito que podemos chamar de retrospectiva da vida atual, em questão de segundos passa um filme de toda nossa vida que pode provocar sensações boas ou ruins, dependendo de como se viveu.

   *Depois, logo quando ocorre a separação total ou parcial, o espírito toma consciência de si. Normalmente percebe que não está mais no mundo dos "vivos" ou dos encarnados e isso traz uma certa perturbação. Perde a noção de tempo e de espaço. Se vê num mundo diferente, regido por leis que ele, na maioria das vezes, não se lembra mais de como elas funcionam e precisa aprender outra vez.

    *Aos poucos ele vai aprendendo como agir nesse novo mundo. Entendam que pode haver uma variedade praticamente infinita de lugares no pós-morte: cidades da mais variadas formas e com os mais variados objetivos, lugares horríveis semelhante ao que se convencionou chamar de inferno, lugares bonitos de paz, lugares que podem ser um meio termo entre o que entendemos por bom e ruim, etc. Onde a pessoa fica ou vai após a morte, se é um lugar bom ou ruim dependerá no nível mental dela. Os lugares são reflexo das mentes que neles habitam. Assim, impera a questão da afinidade. Mas, o que muitas vezes acontece, é que a pessoa mente para ela mesma em vida e após a morte a verdade chega e ela vê que não foi merecedora suficiente para habitar um determinado lugar. Não que isso seja uma punição, é afinidade.
Quanto a pessoa é posta a viver do lado de quem se assemelha a ela isso pode causar alguns transtornos. Há expressões famosas nas mais varias das religiões e culturas que expressam bem essa situação: diga-me com quem tu andas que eu te direi quem tu és. Essa é uma das melhores.

    *Por fim, ocorre uma adaptação e um reconhecimento da situação na qual se encontra. O espírito reavalia e redireciona suas expectativas, aprende, estuda, trabalha; em síntese, atua no mundo espiritual e até pode desempenhar funções específicas.

    O que se relacionou aqui é apenas uma apresentação geral e a grosso modo, capaz apenas de dar um pequeno enfoque de algumas situações que se repetem na literatura espiritualista.

Referências:
KARDEC, Allan. O livro dos espíritos [trad. Salvador Gentile] Araras: IDE, 1992.
XAVIER, Francisco Cândido. Nosso Lar [pelo espírito André Luiz] Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1992.

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