domingo, 10 de agosto de 2014

FALATÓRIO

   
   Poucas expressões da vida social ou doméstica são tão perigosas quanto o falatório desvairado, que oferece vasto lugar aos monstros do crime.
    A atividade religiosa e científica há descoberto numerosos fatores de desequilíbrio no mundo, colaborando eficazmente por extinguir-lhes os focos essenciais.
     Quanto se há trabalhado, louvavelmente, no combate ao álcool e à sífilis? Ninguém lhes contesta a influência destruidora. Arruínam coletividades, estragam a saúde, deprimem o caráter.
     Não nos esqueçamos, porém, do falatório maligno que sempre forma, em derredor, imensa família de elementos enfermiços ou aviltantes, à feição de vermes letais que proliferam no silêncio e operam nas sombras.
Raros meditam nisto.
    Não será, porventura, o verbo desregrado o pai da calúnia, da maledicência, do mexerico, da leviandade, da perturbação? Deus criou a palavra, o homem engendrou o falatório. A palavra digna infunde consolação e vida. A murmuração perniciosa propicia a morte.
    Quantos inimigos da paz do homem se aproveitam do vozerio insensato, para cumprirem criminosos desejos? Se o álcool embriaga os viciosos, aniquilando-lhes as energias, que dizer da língua transviada do bem que destrói vigorosas sementeiras de felicidade e sabedoria, amor e paz? Se há educadores preocupados com a intromissão da sífilis, por que a indiferença alusiva aos desvarios da conversação? Em toda parte, a palavra é índice de nossa posição evolutiva. Indispensável aprimorá-la, iluminá-la e enobrecê-la.
Desprezar as sagradas possibilidades do verbo, quando a mensagem de Jesus já esteja brilhando em torno de nós, constitui ruinoso relaxamento de nossa vida, diante de Deus e da própria consciência.
    Cada frase do discípulo do Evangelho deve ter lugar digno e adequado.
  Falatório é desperdício. E quando assim não seja, não passa de escura corrente de venenos psíquicos, ameaçando Espíritos valorosos e comunidades inteiras.
Do cap. 73 do livro Vinha de Luz, de Emmanuel, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.

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