quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

O PIOR SENTIMENTO? O RANCOR

     
      Grande fonte de todos os males, embora não seja a única, o orgulho produz no ser humano reações e certas ações que considero merecedoras de estudo e observação, a fim de que possamos combatê-las tão logo se manifestem em nós mesmos.
     O rancor é uma dessas reações, que ganha contornos delicados nas pessoas em que aparece, porque geralmente revela outros componentes, tais como falta de perdão e dificuldade em conviver com o inesperado na atitude alheia. As consequências surgem logo: a decepção e o veneno da raiva, que são capazes de arruinar a vivência interna. No final das contas, o rancor é uma raiva reprimida, oculta, mascarada e sofrida. Algo de que a pessoa não se livra com facilidade, e, ao conviver diariamente com aquele intruso em sua mente, acaba por gerar um campo de sofrimento íntimo, recheado pelo desejo de vingança, embora nem sempre concretizado. É um processo muitíssimo venenoso, que corrói gradativamente a alma, minando as resistências internas.
     O rancor denota necessidade urgente de aprender a perdoar, de reconhecer que não podemos tudo e perceber que o próximo não está submisso a nossa vontade – e que nossa vontade nem sempre é a melhor, a mais sábia e correta. De forma mais superficial, a raiva, por si só, pode ser um canal de protesto contra alguém ou alguma situação indesejável, que não produza felicidade e satisfação. Quando o ego se sente ferido, quando a pessoa se sente ameaçada ou acuada diante de algo que a incomoda, é de se esperar, ao menos até certo ponto, que reaja com medo ou com raiva, dependendo da história pessoal de culpa e autopunições. Essa análise é válida se falamos da raiva, pura e simplesmente. No entanto, o rancor já representa um passo além e mostra que aquela raiva inicial, teoricamente passageira, transformou-se numa ideia fixa, geradora de mal-estar, a qual gravita em torno da pessoa.
     O Evangelho de Jesus oferece-nos algumas pistas acerca de como lidar com esse tipo de emoção. Não se vê no Evangelho qualquer menção ou sugestão para deixarmos de ser humanos; nem sequer está escrito que devamos aceitar tudo o que se faz no mundo passivamente, sem que externemos nossa opinião. Em certas circunstâncias, é natural, inclusive, que sejamos levados a coibir o abuso, a injustiça, a corrupção. Aliás, Cristo fez isso diversas vezes ao enfrentar escribas, fariseus e demais representantes do poder. Podemos dizer que suas atitudes constituíram reações de raiva? Depende muito da ideia que fazemos de Nosso Senhor. Se para você ele foi um santinho, uma vítima indefesa perseguida pelos poderosos de sua época, para depois ser injustiçado pelo mundo, provavelmente você interprete que ele não poderia sentir raiva. porém, se você o vê como um homem especial para o seu tempo, acima das definições que a religião fez dele ao longo dos últimos vinte séculos, mas ainda assim humano, divinamente inserido na realidade daquele período histórico, então talvez se possa falar ao menos de reações de raiva e indignação diante dos abusos cometidos em nome de Deus e da religiosidade. Apesar disso, qualquer que seja a ideia que você faça de Cristo, em momento algum há margem para interpretar suas ações e atitudes movidas ou motivadas pelo rancor.
       De todo modo, encontramos em suas palavras coisas simples que nos indicam a rota a seguir no tocante às emoções humanas. O mandamento maior: “Amai-vos uns aos outros”, o conselho para perdoar setenta vezes sete vezes, o brado sobre a cruz: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem” são apenas algumas dicas que apontam um roteiro de não agressão, um caminho de libertação íntima – e prévia – de qualquer resquício de rancor. Uma vez exemplificados por Cristo, seus ensinos, mesmo considerando a hipótese de que tenham sido deturpados ao longo dos dois mil anos que nos separam daquela época, são como faróis que brilham semelhantes a estrelas, a uma constelação a nos guiar na maneira mais indicada e prudente de agir e reagir em face das inúmeras situações desafiadoras que encontramos em nossa jornada no mundo, as quais podem incitar séria indignação. Não se enganem, contudo, pensando que esses ensinamentos de Jesus Cristo a que me refiro sejam apenas frases religiosas, mandamentos ou conselhos voltados para religiosos, como a tradição com frequência nos leva a crer. Pessoalmente, aprendi em minhas meditações, em minhas leituras diárias, que as máximas encontradas no Evangelho são atitudes inteligentes de boa convivência e de paz interna, íntima.
     Talvez ainda durante muito tempo tenhamos que conviver com a indignidade, reagindo a ela, sem encobrir ou ignorar o mal e as coisas realmente ultrajantes ou aviltantes. Mas daí a cultuar o rancor dentro de nós, a distância é grande. Essa prática apenas nos fará infelizes, determinando nosso estado de humor; nossa qualidade de vida ou de felicidade. Portanto, mesmo para quem crê que a personalidade de Jesus Cristo seja uma invenção para distrair multidões e religiosos em geral, não se pode negar que, em suas palavras, encontramos farto material para trabalhar dentro de nós as questões mais urgentes, desafiadoras e problemáticas. No que tange ao rancor, sem dúvida é um dos diversos aspectos de nossa personalidade que devemos abordar; embora sem depositar cobranças indevidas sobre nossos ombros, porém investindo pesada e intensamente, a fim de que estabeleçamos um clima de melhora interior coerente com a felicidade que buscamos, com a satisfação que desejamos obter.
("A Eterna Força do Amor", Teresa de Calcutá pelas mãos de Robson Pinheiro) - Retirado do Facebook_ UNIVERSO VIOLETA)

8 comentários:

Anônimo disse...
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