(...) João caminhara no vazio, num incrível e indômito vazio de si mesmo. Por anos a fio vivera e - e em grande partes das horas - ainda vivia povoado da solidão construída pelo orgulho, pela arrogância, pela ganância e estranhos comportamentos.
Somos criaturas dotadas de força atrativa e é preciso ver que tudo e todos que compõem nosso cotidiano são movidos por essa mesma lei. João, por sua conduta, atraiu a solidão, fruto direto do isolamento. Julgava-se tão altivo e tão superior que nada nem ninguém o alcançava ou eram dignos de sua pessoa. Sua crença tornou-se sua realidade, ele a construiu com todo o seu ser. Somente ele poderia destruí-la. Considero que, não fosse o fato de nos julgarmos "grande coisa", evoluiríamos mais rapidamente.
Cremos que amar o próximo é erguer grandes obras, desconhecemos o quanto pode um pequeno gesto. Como nem todos podemos fazer "grandes obras", não fazemos nada. Extremos são perigosos. Vejo milhares de pessoas especializadas em dar, mas que pouco ou nada sabem quanto a dar-se. Doam fortunas, mas não são capazes de doar-se um minuto. Abrem talões de cheques para comprar companhias e seduzir pessoas, mas não são capazes de abrir as folhas íntimas do próprio ser e deixar que essas criaturas também preencham algumas valorizadas linhas em sua vida. É o mais brutal e ignorante egoísmo. Ele encarcera com maior ferocidade que os presídios de máxima segurança, tortura mais que todos os objetos que a mente humana concebeu para tal ato. A criatura é, ao mesmo tempo, vítima e carrasco de si mesma, papel que também exerce frente à pessoas com as quais convive. Vê-se, com facilidade, em meio a aproveitadores de toda espécie, que, à moda das sanguessugas, fartam-se com seu sangue até explodir, sem nada dar. São relações vazias, que sugam, consomem.
Interessante que, muitas vezes, esse tipo de caráter egoísta reclama dos interesseiros, sem dar-se conta de que atraiu e alimentou essa relação. Não deu de si, não recebeu dos outros. Indivíduos como João, se vêem apenas como vítimas, não como carrascos. Não reconhecem, senão após sérias dificuldades, que são os únicos responsáveis pelo que fazem. Crêem-se bons, honestos, injustiçados e incompreendidos, não egoístas e arrogantes. Eles são como uma casa com móveis e objetos em excesso. A poluição visual não permite diferenciar o luxo do lixo. É um ambiente denso, pesado, desagradável, sufocante. O mesmo faz o egoísta que não sabe dar-se a alguém e à vida. Enche-se de bens e condutas que confundem, mas, ao final, o egoísmo exala e afasta.
É infantilizado. Como espírito imortal viveu inúmeras existências, mas viver e amadurecer não são necessariamente sinônimos. Pressupõem-se que muitas experiências gerem maturidade. Mas, atentando ao fato de que enquanto não aprendemos nossas provas e enganos repetir-se-ão, concluímos que alguns espíritos podem permanecer indefinidamente em um determinado estágio evolutivo, experimentando muitas existências sem lograr crescimento. São existências repetitivas, mudam os cenários, os atores, mas as circunstâncias e o enredo acabam sendo idênticos.
Na lei ensinada por Jesus "ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo", está traçada a evolução do sentimento do amor. Obviamente, ele começa no aprendizado e no amadurecimento do amor-próprio. Esse percurso inicial lança raízes no egoísmo exatamente igual ao processo de maturação afetiva da criança, mas deverá alcançar a auto estima para tornar-se um adulto saudável. O egoísta de que falo não se estima, é pretensioso. Precisa crescer e abrir-se, participar de um mundo de trocas afetivas, dar e receber, eis o segundo passo - o amor ao próximo. Desse patamar alcançamos o seguinte: desapego às "coisas". É sabido que o sentimento de posse manifesta-se no uso do "meu", e assim nos referimos também às pessoas, como se fossemos seus donos e legítimos possuidores. Possuímos e somos possuídos. Construir a liberdade é transcender, libertando-se de um séquito de ilusões materiais.
Nesse nível poderemos pretender alçar vôo rumo à libertação plena desse sentimento possessivo e manifestar um amor pleno que é o amor a Deus, o reconhecimento e a vivência integral Dele como fonte da vida, de tudo e de todos. Parte desse caminho percorremos na Terra, a cada momento de nossa existência imortal, não importando se dentro ou fora dos limites da matéria. Para aprendermos não há hora marcada, é tarefa diuturna."
Na lei ensinada por Jesus "ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo", está traçada a evolução do sentimento do amor. Obviamente, ele começa no aprendizado e no amadurecimento do amor-próprio. Esse percurso inicial lança raízes no egoísmo exatamente igual ao processo de maturação afetiva da criança, mas deverá alcançar a auto estima para tornar-se um adulto saudável. O egoísta de que falo não se estima, é pretensioso. Precisa crescer e abrir-se, participar de um mundo de trocas afetivas, dar e receber, eis o segundo passo - o amor ao próximo. Desse patamar alcançamos o seguinte: desapego às "coisas". É sabido que o sentimento de posse manifesta-se no uso do "meu", e assim nos referimos também às pessoas, como se fossemos seus donos e legítimos possuidores. Possuímos e somos possuídos. Construir a liberdade é transcender, libertando-se de um séquito de ilusões materiais.
Nesse nível poderemos pretender alçar vôo rumo à libertação plena desse sentimento possessivo e manifestar um amor pleno que é o amor a Deus, o reconhecimento e a vivência integral Dele como fonte da vida, de tudo e de todos. Parte desse caminho percorremos na Terra, a cada momento de nossa existência imortal, não importando se dentro ou fora dos limites da matéria. Para aprendermos não há hora marcada, é tarefa diuturna."
Trecho retirado do livro A MORTE É UMA FARSA - Ana Cristina Vargas
1 comentários:
Esse livro é ótimo, recomendo!!
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