sexta-feira, 5 de novembro de 2010

PRETOS VELHOS

    São assim chamados os espíritos que trabalham na Umbanda, pela vibratória de Yorimá, também chamada vibração dos anciões, atua no chacra básico que se localiza no final da coluna vertebral. Por esse motivo, na mecânica de incorporação, os aparelhos (médiuns) se curvam, parecendo velhos. Esse chacra, uma vez ativado, provoca no médium uma lassidão que se exterioriza em voz pausada, cansada.
     A vestimenta astral de preto velho independe da origem ancestral do espírito, e, dentro dessa linha, encontram-se desde o antigo escravo até renomados homens da ciência que viveram e trabalharam na crosta terrestre.
     São exímios manipuladores das energias, verdadeiros magos brancos, cuja característica de manifestação são os conselhos, priorizando sempre a reforma íntima dos seres. Geralmente gostam de trabalhar manipulando os elementos, por isso usam cachimbo ou cigarro de palha, vela acesa, galho verde e outros apetrechos, plenamente dispensáveis quando assim o querem, uma vez que sabem usar com destreza a energia mental.

    Os pretos velhos, almas que estiveram ou ainda estão na roda das reencarnações, com experiência nas atribulações da matéria, atuam como conhecedores do psiquismo humano, além de serem alquimistas adestrados no magismo.
     De maneira simplista, mas direta, os pretos velhos atendem a todos que os procuram quando estão incorporados em seus médiuns, seja no terreiro da umbanda ou em outro templo onde se dê abertura à descida dessa energia. Ensinando chazinhos, benzeduras, rezas ou simplesmente aconselhando, atuam na caridade seja a quem for, instigando a mudança interior de cada filho, sem a pretensão de dar receita pronta.
     Ser medianeiro desses espíritos deixa de ser resgate, passa a ser privilégio.

      "Presenciava-se seres de luz que se transformavam à sua frente em velhos arqueados, mudando inclusive suas vestes, aproximando-se dos médiuns. De repente, aparecia em outro lugar um ser vestido elegantemente com fino terno, de onde refletiam filetes iluminados, transformando-se também num homem preto, de bengala, a fumar cachimbo. Ao se aproximar de outro médium, tudo se repetia. Via, assim, mulheres bonitas de olhar bondoso e sorriso aberto, transfigurando-se em pretas velhas gorduchas que se aproximavam dos devidos aparelhos, iniciando uma dança em que primeiro giravam seus corpos para depois acomodá-los em pequenos bancos".
    trechos do livro: Causos de Umbanda - Leni W. Saviscki      

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