domingo, 22 de março de 2009

Texto de Osho para refletir

As projeções
É um fato conhecido: você não se apaixona por alguém; você não se apaixona pela pessoa real, você se apaixona pela pessoa de sua imaginação. E enquanto vocês não vivem juntos, e você vê o outro da sua sacada, ou você o encontra na praia por alguns minutos, ou você segura suas mãos no cinema, você começa a sentir: “Somos feitos um para o outro” .
Mas ninguém é feito um para o outro. Você vai projetando mais e mais imaginação sobre o outro, inconscientemente. Você cria um certa aura em torno dele e ele cria uma certa aura em torno de você. Tudo parece ser lindo, porque você faz tudo parecer lindo, sonhando, evitando a realidade. E ambos ficam sonhando, tentando de todas as formas possíveis não perturbar a imaginação do outro.
Assim, a mulher se comporta do jeito que o homem quer que ela se comporte; o homem se comporta do jeito que a mulher quer que ele se comporte. Mas isso só pode durar alguns minutos ou algumas horas no máximo.
Uma vez que vocês se casem e tenham que viver juntos vinte e quatro horas por dia, torna-se uma carga pesada continuar fingindo alguma coisa que você não é.
Preencher a imaginação do homem ou da mulher, por quanto tempo você pode continuar representando? Mas cedo ou mais tarde torna-se um peso e você começa a se vingar. Você começa a destruir toda a imaginação que o homem criou em torno de você, porque você não quer ficar aprisionada nela; você quer se livrar daquilo e ser você mesma.
E a mesma é a situação com o homem: ele quer se livrar e ser ele mesmo. E esse é o conflito entre todos os amantes, em todas as relações.
A realidade é: somos sozinhos, somos estranhos e será muito melhor se aceitarmos a verdade básica de que somos estranhos. Podemos saber o nome um do outro, podemos ter visto o rosto um do outro muitas vezes – isso não importa. Nossos seres estão tão escondidos e tão lá no fundo, que não há como eu poder tocar o ser de alguém, ou possa ver o ser de alguém – e é aí que reside toda a estranheza. Mas não acho que isso seja uma catástrofe; pelo contrário sinto isso como uma benção. Se não fôssemos estranhos seríamos robôs. Nossa estranheza nos dá individualidade, singularidade.
Quando falamos em compromisso, estamos falando de um “acordo” ou um “contrato” e este vínculo causa muito medo em algumas pessoas, principalmente em alguns homens, como se estar comprometido viesse com uma grande carga de responsabilidade. Ao mesmo tempo, se não saber é algo que incomoda, por que não perguntar? Por que é tão difícil chegar para o companheiro e dizer: “afinal, qual é a sua?”. O que de pior pode acontecer? Das possíveis causas estão fatores físicos e psicológicos. Dos fatores psicológicos podem ser citados falha na comunicação do casal, medo de rejeição da parceira, ansiedade, falta de auto-estima e segurança pessoal, isso por causa de medos como fracassos, de humilhação ou até mesmo da exigência de controle rigoroso sobre o próprio corpo. 
Por que tem gente que tem tanto medo de compromisso?…”
O que eu mais ouço falar é porque não se quer perder a liberdade. As pessoas não querem ter amarras, restrições, regras, privações. Porém, eu também acho que pode haver por trás um outro fator interessante nesta ojeriza a compromissos principalmente nas pessoas que gostariam de ter um compromisso mas não conseguem: medo de se perder. Pessoas que tem sua individualidade enfraquecida, sua estrutura interna pouco desenvolvida têm medo de, ao contato muito próximo com alguém, na convivência com o outro, perder sua própria personalidade. Assim, procuram se manter afastados numa distância segura do outro, para não se sentir invadido e não ter seus limites, que não são exatamente colocados, desfeitos. Para que estas pessoas possam ter um relacionamento, elas devem se fortalecer por dentro. Sentir que não vão sumir ou morrer como indivíduos e saber colocar seus limites. Só assim vão poder ter alguém próximo, sem medo. O medo do compromisso é o medo da morte. O mesmo acontece em outros relacionamentos humanos: um homem vai de uma mulher para outra, e continua trocando. As pessoas pensam que ele é um ótimo amante, mas ele está longe disso. Ele está evitando, ele está tentando evitar qualquer envolvimento profundo porque com o envolvimento profundo os problemas precisam ser encarados, e é preciso passar por muito sofrimento. Então a pessoa simplesmente prefere o seguro, faz com que essa seja uma área em que nunca irá muito profundamente com alguém. Se você se aprofunda demais pode não conseguir retornar tão facilmente. E se você for fundo com alguém, esse alguém também irá fundo com você, isso é sempre proporcional. Se eu for bem fundo em você a única maneira é permitir que você também se envolva com a mesma profundidade comigo. É um dar e receber, é um compartilhamento. Então um pode se envolver demais, e será difícil para escapar e o sofrimento pode ser grande. Então as pessoas aprendem como se manter seguras: somente deixe a superfície ser encontrada - relacionamentos amorosos de “bater e correr”. Antes que seja pego, corra.
Isto é o que está acontecendo no mundo moderno. As pessoas se tornaram tão juvenis, tão infantis; estão perdendo toda a maturidade.
A maturidade vem somente quando você está preparado para encarar a dor do seu ser; a maturidade vem somente quando você está preparado para aceitar o desafio. E não existe um desafio maior do que o amor.
Viver feliz com outra pessoa é o maior desafio do mundo. É muito fácil viver serenamente sozinho, é muito difícil viver serenamente com outra pessoa, porque dois mundos se colidem, dois mundos se encontram… mundos totalmente diferentes. Como são atraídos um para o outro? Porque são totalmente diferentes, praticamente opostos, pólos opostos.
É muito difícil ser sereno em um relacionamento, mas este é o desafio. Se você fugir disso, fugirá da maturidade. Se você entrar nisso com todo o sofrimento, e ainda assim continuar em frente, então aos poucos o sofrimento se torna uma bênção, a maldição se torna uma bênção.
Aos poucos, através do conflito, do atrito, surge a cristalização. Através da luta você se torna mais alerta, mais consciente.
O outro se torna um espelho para você. Você consegue ver a sua feiúra no outro. O outro provoca o seu inconsciente, puxa-o para a superfície.
Você terá que conhecer todas as áreas escondidas do seu ser, e a melhor maneira é sendo espelhado, refletido, em um relacionamento.
Fácil, eu digo, porque não há outra maneira - porém isto é difícil. É difícil, árduo, porque você terá que mudar durante o processo.
Quando você vem a um Mestre um desafio ainda maior existe antes de você: você precisa decidir, e a decisão é pelo desconhecido, e a decisão precisa ser total e absoluta, irreversível. Não é uma brincadeira de criança; é um ponto sem retorno. Tanto conflito vem à tona. Mas não permaneça se modificando continuamente, porque esta é uma maneira de evitar a si mesmo. E você continuará fraco, continuará infantil. A maturidade não irá acontecer para você.
Somente o desconhecido deve ter interesse para você, porque isso é o que você ainda não viveu; você ainda não se movimentou neste território. Mova-se! Algo de novo pode acontecer ali.
Sempre decida pelo desconhecido, independente do risco, e você crescerá continuamente.
Mas permaneça decidindo pelo conhecido e você irá se mover num círculo com o seu passado, de novo e de novo. Você irá continuar a se repetir, você se tornará um disco arranhado.
E decida. O quão antes você o fizer, melhor. Adiamentos são simplesmente estúpidos. Amanhã você também terá que decidir, então porque não hoje? Você pensa que amanhã será mais sábio do que hoje? Você pensa que amanhã será mais vivído do que hoje? Você pensa que amanhã será mais jovem e com mais vigor do que hoje?
Amanhã você será mais velho, a sua coragem será menor; amanhã você será mais experiente, sua astúcia será maior; amanhã a morte estará mais perto; você começará a ficar mais hesitante e com medo. Nunca adie para o amanhã. E quem sabe? O amanhã pode vir ou não. Se você precisa decidir, tem que decidir neste exato instante.

“Um relacionamento nunca cria nada.
Ele só pode trazer algo que já é existente.
Assim, nunca jogue a responsabilidade no outro.
O outro é, no máximo, uma ajuda para lhe mostrar as subcorrentes de sua mente.
Cada relacionamento é um espelho; ele revela sua identidade a você.”
Osho

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